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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

O Bandeirante solitário... 


O Bandeirante solitário...

Bandeirante Gaspar Vaz da Cunha, "O Oyaguara" - 2011

 

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Marco da 4 Nações - As mais altas águas brasileiras rumo ao rio da Prata - 1961

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João de Sá, autor do Hino a Campos do Jordão e Iracema Miravetti, em frente ao Marco das 4 Nações - 1961

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O Bandeirante solitário que, no passado, já teve lugar de maior destaque na história de Campos do Jordão, hoje está instalado na pequena praça situada ao lado da Praça da Bandeira, em Vila Abernéssia, denominada “Praça Julio Domingues Pereira”. Essa pequena praça homenageia, com muito mérito e louvor, o conhecido Julio da Bandeirante que, no passado, foi proprietário do famoso e prestigiado armazém “A Bandeirante”, de secos e molhados, como denominado à época. Esse armazém foi localizado no mesmo local onde hoje está estabelecido o “Sérgio Restaurante”.

A praça e monumento nela instalado são coisas distintas. A praça homenageia o Sr. Julio Domingues Pereira, e a estátua do Bandeirante tem a seguinte história à parte.

O Bandeirante, hoje solitário, fazia parte do monumento “Marco das 4 nações”, para perpetuação e registro histórico das mais altas nascentes brasileiras, rumo ao rio da Prata.

Inicialmente, no dia 29 de abril de 1959, data em que se comemorou o 185º de aniversário de Campos do Jordão, foi lançada a pedra fundamental desse monumento no bairro Umuarama. Nessa oportunidade, o governador do Estado de São Paulo, professor Carlos Alberto de Carvalho Pinto, impossibilitado de comparecer, foi representado pelo secretário de Governo, Dr. Márcio Porto. Também presentes, entre outras personalidades representativas, o prefeito municipal de Campos do Jordão, Dr. José Antonio Padovan, o Sr. Benjamim Hunicut, o engenheiro Acácio Vilalba, e o vereador, Sr. Joaquim Corrêa Cintra.

O monumento “Marco das 4 Nações” foi projetado pelo engenheiro Acácio Vilalba, membro do Conselho Estadual de Turismo e da Sociedade Geográfica Brasileira, para ser erigido em terras de propriedade da Associação Umuarama.

Esse monumento era encimado por um bandeirante segurando uma bandeira enrolada no pedestal, sob o qual havia estampado o brasão de Campos do Jordão. Embaixo, em forma retangular, os dizeres escritos em fundo branco: “Marco das 4 Nações: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Erigido em homenagem aos países onde caminham as mais altas águas brasileiras rumo ao rio da Prata. Inaugurado em 29 de abril de 1959, sendo Governador do Estado de São Paulo o Exmo. Sr. Prof. Carvalho Pinto e Prefeito de Campos do Jordão o Dr. José Antonio Padovan”.

Com o decorrer dos anos e o crescimento da mata, tornou-se difícil, talvez impossível, a localização física da pedra fundamental, onde deveria ser erigido o Monumento das 4 Nações.

Concluído o portentoso monumento, infelizmente não foi implantado no local escolhido. Foi instalado ao lado do Departamento Municipal de Turismo – DMTUR, situado no local onde hoje se encontra instalado o prédio da Telefônica, em Vila Abernéssia. Nesse local, ficou instalado por algum tempo, até ser retirado para possibilitar a construção do prédio mencionado. Foi transferido para o almoxarifado da Municipalidade, quebrou-se, restando apenas a figura do Bandeirante, que foi afixada na Praça da Bandeira, em Vila Abernéssia, em Campos do Jordão.

Mais uma prova incontestável de que o Brasil, infelizmente, é um país sem memória nacional, que não sabe cultuar as suas riquezas naturais e históricas.

Na véspera da comemoração do dia da Cidade, 29 de abril de 1999, quando estaria completando 125 anos de fundação, um fato lamentável ocorreu. Um motorista em velocidade considerável perdeu a direção do veículo que dirigia e bateu de frente no pedestal em que a estátua do Bandeirante estava afixada, derrubando-a não chão e reduzindo-a a inúmeros pedaços.

No dia da Cidade, antes do desfile comemorativo à data, dirigindo-me ao centro da Vila Abernéssia para assistir ao desfile, deparei-me com a estátua do Bandeirante no chão, totalmente quebrada.

Nessa época, eu fazia parte do Conselho Municipal de Cultura, brilhantemente presidido pelo dinâmico Sr. Dynéas Fernandes de Aguiar, que muito trabalhou em prol da cultura de Campos do Jordão, sempre procurando sua valorização e divulgação. Apressei-me e fui encontrá-lo próximo ao palanque oficial dos festejos. Relatei o ocorrido e sugeri que ligasse para o Almoxarifado da Prefeitura e solicitasse para que um caminhão fosse até o local onde praticamente jazia o Bandeirante danificado e coletasse, com muito cuidado, os pedaços da estátua e os transferisse para local seguro, visando, algum dia, conseguir alguém com habilidade para recuperá-lo da melhor maneira possível. O Sr. Dynéas não pensou duas vezes, de imediato tomou essa providência.

Coletados os pedaços da estátua, foram guardados junto ao local onde estava sediada a Defesa Civil de Campos do Jordão, proximidades do Portal de Entrada da Cidade. Lá ficaram por vários meses, talvez até mais de um ano.

Em determinada oportunidade, pessoas ligadas ao Conselho Municipal de Cultura vieram me procurar. Como sou colecionador de fotos antigas, queriam fotos onde aparecia a estátua do Bandeirante antes de ficar totalmente danificada. Felizmente, na época, localizei duas fotos em que ele aparecia, até de forma exuberante, e que muito auxiliou na sua importante reconstituição.

Para nossa surpresa, algum tempo depois, a estátua estava totalmente e habilmente recuperada. Nem parecia que havia sido totalmente destruída. A pessoa que conseguiu essa proeza trazendo de volta a estátua importante do Bandeirante histórico foi um artista plástico que, infelizmente, ninguém lembra o nome. OBS: Se alguém lembra o nome, por favor, entre em contato com este site para que seja dado o importante crédito.

Ampliado o local onde a estátua estava anteriormente instalada, transformado em uma pequena praça, construído novo pedestal maior e mais reforçado, nele ela foi reintroduzida, com as devidas pompas e solenidade, e lá continua solitária e calada, parecendo observar tudo o que acontece dentro da área de sua visão, por onde todos os jordanenses circulam, e todos que vêm a Campos do Jordão são obrigados passar.

Se esse Bandeirante pudesse falar, relembraria, com certeza, coisas importantes e maravilhosas que aconteceram em Campos do Jordão, durante todo tempo em que teve oportunidade de observar. Também é preferível que permaneça calada, para não relembrar muitas coisas desagradáveis e prejudiciais que aconteceram, que é melhor ficarem esquecidas.

Esse Bandeirante solitário e calado que, noite e dia, a tudo observa, representa a figura singular do sertanista taubateano, o bandeirante Gaspar Vaz da Cunha, alcunhado de “O Oyaguara”. Para alguns, “Ouyaguara”; para outro, Jaguará ou Jaguareté, que pela língua da terra é o mesmo que o cachorro do mato. Entre 1703 e 1704, esse desbravador, por ordem real, aventurou-se a abrir um caminho que ia desde o Vale do Sapucaí e atravessava a Serra da Mantiqueira até Pindamonhangaba, em direção aos rios Sapucaí e Capivari, com o objetivo de transportar o ouro das minas de Itajubá, nas Minas Gerais. Mais tarde, esse caminho foi fechado por ordem real.

Oyaguara é o nome escolhido que identifica o grupo de escoteiros de Campos do Jordão.

É importante este registro, para que fique fazendo parte da nossa história, valorizando nossa cultura e esclarecendo dúvidas que não podem sobressair à realidade dos fatos.

Edmundo Ferreira da Rocha

14/11/2011

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=90

 

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