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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

A Catarina - Primeira locomotiva da Estrada de Ferro Campos do Jordão 


A Catarina - Primeira locomotiva da Estrada de Ferro Campos do Jordão

A máquina "Pudente de Morais", mais conhecida como "A Catarina", novinha, no ano de 1914, em Pindamonhangaba

 

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A máquina "Pudente de Morais", mais conhecida como "A Catarina", praticamente como foi localizada pelo pesquizador Kelso Medici, na década de 1990.

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A Placa de identificação da Catarina. Uma "OERSTEIN & KOPPEL", fabricada na Alemanha em 1913, com a configuração 0-4-OWT.

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A máquina "Pudente de Morais", mais conhecida como "A Catarina", em cima da carroceria de uma carreta estacionária, no Ferro Velho do Barranco em Curitiba, fotografada no ano de 2010, pelo amigo Paulo Roberto de Almeida Murayama, o Shizutinho.

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A máquina "Pudente de Morais", mais conhecida como "A Catarina", em cima da carroceria de uma carreta estacionária, no Ferro Velho do Barranco em Curitiba, fotografada no ano de 2010, pelo amigo Paulo Roberto de Almeida Murayama, o Shizutinho.

 

Catarina é o nome popular pelo qual ficou conhecida a primeira locomotiva movida a vapor que trabalhou durante quase toda a construção da ferrovia da Estrada de Ferro Campos do Jordão, entre os anos 1913 e 1914. O nome oficial dessa máquina era “Prudente de Morais”, em homenagem ao engenheiro Antonio Prudente de Morais, diretor técnico da ferrovia durante sua construção nos anos de 1912 a 1914.

Essa máquina histórica é da marca "OERSTEIN & KOPPEL", fabricada na Alemanha em 1913, com a configuração 0-4-OWT, bitola métrica, a primeira a galgar os altos paredões da Serra da Mantiqueira rumo aos Campos do Jordão. Ela foi a primeira a chegar à entrada de Vila Abernéssia, em Campos do Jordão, em 1914.

Enquanto outra máquina menor, também a vapor, denominada "Piracuama", trabalhava no trecho de nível, entre Pindamonhangaba até Piracuama, a Catarina, máquina mais robusta e forte, trabalhava no trecho da Serra da Mantiqueira, transportando em vagões abertos tipo prancha, operários e materiais para a construção da ferrovia (trilhos, dormentes, cimento “Portland”, importados da Inglaterra, e outros materiais).

Essa histórica, heróica máquina transportou no vagão de trabalho, tipo prancha, sem nenhuma cobertura, na ocasião da inauguração da ferrovia, no mês de novembro de 1914, os doutores Emílio Ribas e Victor Godinho, os grandes e memoráveis idealizadores da construção da ferrovia. O grande intuito desses beneméritos médicos sanitaristas e higienistas, de renome internacional, era facilitar o acesso para Campos do Jordão aos doentes desse nosso imenso Brasil, acometidos da terrível tuberculose, para que pudessem vir aproveitar seu clima privilegiado. Era a única tentativa na busca da cura tão almejada. Naquela época, somente o clima especial, com oxigenação pura e altamente impregnada de ozônio e alguns cuidados essenciais, como repouso regrado e boa alimentação, poderia conduzir a resultado satisfatório. Ainda não existiam os medicamentos específicos, que somente vieram muitos anos depois.

A Catarina transportou, além da grande maioria dos heróicos operários que duramente trabalharam em sua construção, enfrentando toda sorte de obstáculos, o competente empreiteiro da ferrovia, o grande batalhador Sebastião de Oliveira Damas. Fato inédito digno de registro ocorreu em época difícil durante a construção da ferrovia. Sebastião Damas, vendo que as obras teriam de ser obrigatoriamente paralisadas por falta de dinheiro para concluir sua construção, sabendo da importância da ferrovia, único acesso viável para Campos do Jordão, para transportar os doentes, na tentativa de conseguir a cura para a tuberculose, deixou temporária e estrategicamente o local das obras e o Brasil. Voltou para Castelo de Paiva, sua querida terrinha, situada em Portugal. Lá hipotecou todas as suas terras e bens. E Voltou para o Brasil com o dinheiro necessário para a conclusão da ferrovia, o que realmente aconteceu, graças a essa sua importante e imprescindível ação.

Existe algum outro empreiteiro responsável pela construção de qualquer outra obra que tenha feito tamanha e inédita proeza benemérita?

A Catarina transportou, também, até Campos do Jordão, além de muitos e muitos outros abnegados e dignos operários responsáveis pela construção da ferrovia, Floriano Rodrigues Pinheiro, seu irmão João Pinheiro, Antonio de Oliveira Damas, Joaquim Ferreira da Rocha, pessoas que se tornaram pioneiras, participando ativamente do progresso da cidade, deixando seus nomes fortemente gravados em nossa história e em nossa cultura.

Infelizmente, algum dia, não sabemos quando, a nossa importante, histórica e heróica Catarina foi, lamentavelmente, vendida para a Usina Metalúrgica Barão de Cocais, em Minas Gerais. Daí para frente, foi perdido o elo de ligação entre a Estrada de Ferro Campos do Jordão e sua máquina pioneira.

Depois de muito tempo, por sorte do destino, a Catarina foi, felizmente, redescoberta pelo importante e batalhador pesquisador ferroviário KELSO MÉDICE.

Há uns dez anos mais ou menos, visitando através da maravilhosa internet, o site mantido e organizado pelo Kelso Médice, foi que descobri que ele havia descoberto a Máquina "Prudente de Morais", a nossa gloriosa Catarina, a pioneira da construção da Estrada de Ferro Campos do Jordão, curtindo indignamente sua velhice em um ferro velho localizado na cidade de Curitiba – PR.

Daí em diante, passou-se à peregrinação na tentativa de se conseguir readquirir a Catarina, na condição em que se encontrava, bastante deteriorada pelo uso e pelo tempo, trazendo-a novamente para a sua casa, a Estrada de Ferro Campos do Jordão.

Na época, no ano de 2005, quando nosso grande amigo professor Jarmuth de Oliveira Andrade, batalhador pela divulgação e preservação da nossa história e cultura, foi diretor da Estrada de Ferro Campos do Jordão, o assunto da Catarina foi bastante discutido. Algumas tentativas foram iniciadas no sentido de readquiri-la, porém não conseguimos nosso verdadeiro intento para trazê-la de volta.

Na sequência, também o amigo e grande ferroviário Waldir Rodrigues, quando esteve na direção da Estrada de Ferro Campos do Jordão, embora tenha feito outras tentativas, o intento esperado não foi conseguido.

Depois de quase dez anos, somente tentativas, sem nenhuma perspectiva alvissareira.

Quase no final de 2009, a convite da Secretaria da Cultura de Campos do Jordão, fiz uma apresentação em Power Point, contando com moderno sistema da data-show, onde procurei contar um pouco da história da Estrada de Ferro Campos do Jordão, desde sua construção até os dias atuais.

Contando com o grande e imprescindível auxílio de meu colega de ginásio, grande amigo, Paulo Roberto de Almeida Murayama, mais conhecido como Shizutinho (por causa do pai, o saudoso e grande engenheiro agrônomo da nossa Casa da Agricultura, idealizador das nossas históricas festas nacionais da maçã, durante a década de 1950, Dr. Shizuto José Murayama), atualmente morando em Curitiba – PR, consegui fotos mais atuais da nossa Catarina, mostrando seu estado atual.

Shizutinho foi, por três vezes, ao Ferro Velho do Barranco, de propriedade dos senhores Francisco Barranco, Arion Barranco e Luiz Barranco, situado em Curitibana, na tentativa de localizar e rever a nossa Catarina. Encontrou várias dificuldades. Felizmente conseguiu localizar – depois de mostrar em seu laptop, a foto da Catarina que encaminhei, tirada do site do Kelso Médice – “a amarela”, nome pelo qual conheciam a nossa Catarina, lá no depósito de ferro velho. Tirou muitas fotos, de vários ângulos e me mandou via e-mail. Mostrei algumas dessas fotos em minha apresentação sobre a história da ferrovia.

Na oportunidade da apresentação contei com valiosas presenças, entre elas a do diretor da Estrada de Ferro Campos do Jordão, engenheiro Silvio Camargo e do engenheiro Marcelo Antonio Correa da Silva, diretor técnico de Serviços.

Durante a apresentação reforcei o valor da Catarina para a história de Campos do Jordão, do Estado de São Paulo, do Brasil e da Estrada de Ferro Campos do Jordão. Daí em diante, houve uma sensibilização mais profunda e a história da Catarina voltou à tona. Graças a Deus, são boas as perspectivas futuras, no sentido do seu retorno à sua primeira casa.

Na sequência, foram feitas novas tentativas no sentido de reaver a Catarina, infelizmente também sem sucesso.

A Estrada de Ferro conta com novo diretor, Ricardo Zanquetto Briso, a partir do início de 2010. Este juntamente com o Engº Marcelo Correa, aproveitando a visita do secretário de Esportes, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo, Dr. José Benedito Pereira Fernandes, entre várias outras reivindicações, comentaram com argumentos semelhantes aos acima mencionados, sobre a possibilidade e necessidade da reaquisição da nossa pioneira Catarina.

Felizmente o secretário, Dr. José Benedito, ficou bastante interessado no assunto, determinando que o Engº Marcelo e mais uma pessoa ligada à experiente e habilidosa área de mecânica, manutenção e construção de trens, da ferrovia, Sr. Jorge, fossem até Curitiba e verificasse o estado real da nossa Catarina e iniciasse negociação no sentido de trazê-la de volta. Mesmo que não seja possível recuperá-la para voltar ao tráfego na ferrovia com finalidade histórica e utilização para turismo, ao menos recuperá-la para que possa ser colocada em futuro Museu Ferroviário, dentro dos novos ideais da ferrovia.

O Engº Marcelo foi para Curitiba – PR no dia 07 de junho de 2010, onde tentará de todas as maneiras possíveis trazer, digna e merecidamente, a nossa Catarina de volta. Lá em Curitiba, contará com o apoio do nosso amigo Shizutinho. Vamos ficar torcendo para que tudo dê certo e possamos, em futuro próximo, ver a nossa Catarina de volta, quiçá, rodando nos trilhos da nossa querida Estrada de Ferro Campos do Jordão, preservando nossa história, engrandecendo nossa cultura e trazendo alegria e felicidade para todos os jordanenses e turistas que nos visitam.

Edmundo Ferreira da Rocha

OBS.: Várias propostas foram aventadas por parte do representante da nossa Estrada de Ferro Campos do Jordão, que esteve reunido em Curitiba com os proprietários do Ferro Velho do Barranco. Infelizmente, os atuais proprietários da nossa Catarina não querem que ela saia de lá e volte para sua casa. Alegam que é uma relíquia adquirida por um dos sócios, já falecido, e pretendem preservá-la em sua homenagem.

07/06/2010

 

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