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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Albertinho acorda com a cama em cima da mesa do Convento em Belo Horizonte 


Albertinho acorda com a cama em cima da mesa do Convento em Belo Horizonte

 

 

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No ano de 1963, quando de nossa formatura na quarta série do Curso Ginasial do Glorioso Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão – CEENE, por ações e providências da Comissão de Formatura e dos professores do Colégio, liderados pelo querido professor Guido Machado Braga, hoje morando na cidade de Aparecida - SP, onde desenvolve, através de Prefeitura Municipal, importante serviço na área da Cultura, conseguimos uma viagem de uma semana para as terras das Minas Gerais, passando pela Grande Belo Horizonte e visitando as cidades históricas, Mariana, Sabará, Ouro Preto, Congonhas do Campo e, também, a Lagoa Santa e sua Gruta da Maquiné e a famosa Mina de Morro Velho na Cidade de Nova Lima.

O ônibus que nos levou nessa magnífica excursão, como denominávamos na época, essas viagens, cedido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por cortesia do padre Januário de Jesus Baleeiro, secretário de Estado, por nós escolhido como nosso patrono, foi conduzido pelos motoristas Emílio e Antonio, ambos funcionários da Secretaria.

A viagem parecia que não tinha mais fim, pois a distância entre Campos do Jordão e Belo Horizonte não é pequena, e as estradas, naquela época, não eram tão boas como hoje. Saímos daqui numa tarde, viajamos a noite inteira e chegamos a Belo Horizonte já passando do meio-dia do dia seguinte.

Foram nessa viagem, como responsáveis pelo grupo de estudantes – em torno de trinta rapazes e moças –, além do professor Guido, as professoras Anna Maria de Toledo Barbosa, Cecília de Almeida Leite Murayama, Norma e frei Bruno Fregni Bassetto, anteriormente Libério, da Ordem dos Frades Menores-OFM, da Paróquia de Campos do Jordão.

Na Grande Belo Horizonte, por intervenção do frei Bruno, ficamos hospedados em um Colégio de Padres, na Avenida do Contorno, e que, naquela oportunidade, estava em período de férias escolares.

As refeições foram conseguidas, também, por iniciativa do frei Bruno, em um outro colégio, porém de freiras, situado nas proximidades.

Viajávamos para as cidades históricas em roteiros previamente programados, saindo de Belo Horizonte nas primeiras horas das manhãs e retornando quase nos finais das tardes para o mencionado colégio, onde ficamos hospedados durante toda semana. As viagens pelas cidades históricas foram divinas e maravilhosas.

Aproveitando o gancho destas narrativas históricas, é imprescindível deixar registrado que, nessa excursão, eu e a professora Anna Maria iniciamos um romance que resultou em nosso casamento, um pouco mais de dez anos após, e que permanece até hoje.

Em Ouro Preto, conhecemos o famoso Museu da Inconfidência e Museu da Mineralogia, com amostras de todos os minérios das Minas Gerais e, inclusive, de suas pedras preciosas e minérios diversos, entre eles o ouro e a prata. Conhecemos, também, as deslumbrantes igrejas de Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário Nossa Senhora da Conceição, entre outras, com uma enorme quantidade de esculturas e detalhes de suas decorações e altares, folheados a ouro de 24 quilates. Em Mariana, conhecemos as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, Igreja de São Francisco e Nossa Senhora da Conceição. Em Sabará, conhecemos as igrejas de nomes iguais, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Carmo, e o famoso Museu do Ouro.

Em Congonhas do Campo, conhecemos o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, com as lindas e deslumbrantes esculturas dos doze Profetas, entalhadas, a duras penas, em pedra sabão, pelo insubstituível, magnífico e único, Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, já em período adiantado da doença que lhe corroia os dedos e as mãos. Conhecemos, também, todas as maravilhosas esculturas feitas por ele, e exibidas nos pequenos Santuários dos Passos (pequenas capelas) e as do interior da igreja principal.

Tivemos a sorte de passar em frente à casa onde morava o famoso e conhecido médium espírita Zé Arigó (José Pedro de Freitas). Nessa oportunidade, vimos o Zé Arigó, que apareceu na porta de sua casa para atender pessoas que o procuravam esperançosas em conseguir a cura para seus males.

Na Cidade de Nova Lima, fomos conhecer a famosa Mina de Morro Velho e seus túneis subterrâneos de vários quilômetros, abertos por valorosos e corajosos mineiros/operários, cavados à mão, com auxílio da tração animal de burros e jumentos, na busca dos metais preciosos, o ouro e a prata.

Ficamos hospedados em alas separadas – homens e mulheres. Os alojamentos eram muito amplos e com muitas camas.

No alojamento em que ficamos, na ala masculina, em número aproximado de 15 rapazes, mais o professor Guido, ainda sobravam umas outras quinze camas. Bem em frente às camas do alojamento existia uma mesa de quase quatro metros de comprimento e com quase um metro de altura. Era uma mesa enorme.

As moças também ficaram em alojamento semelhante, com as professoras que as acompanharam. O frei Bruno ficou alojado junto ao alojamento dos padres do Colégio.

O nosso recolhimento aos alojamentos era obrigatório e rigoroso e tinha de ocorrer antes das dez horas da noite. Até esse horário podíamos ficar assistindo à rede Globo Minas e, se quiséssemos, poderíamos até ir a algum cinema no centro da cidade.

À nossa disposição, na geladeira do refeitório que, naquela oportunidade estava desativado para os alunos, por causa das férias, tinha sempre água gelada.

Em uma determinada oportunidade, para nossa surpresa, já por volta das onze horas da noite, quando todos os padres já se haviam recolhido aos seus aposentos, silenciosamente e pé ante pé, fomos pegar a água gelada na geladeira. Lá estava um lindo, maravilhoso e delicioso manjar branquinho, com calda de ameixas pretas. Infelizmente, embora num colégio de padres, com uma disciplina católica rigorosa, o pecado da gula não pôde ser evitado – lá se foi o manjar dos deuses. Ficou só o prato vazio. Isso ocorreu na última noite em que lá passamos.

No dia seguinte, saímos em nossa viagem de retorno, logo cedinho e, assim, nem chegamos a tomar conhecimento do desapontamento e da bronca dos padres – coitados, que desapontamento!

Nas outras noites em que lá passamos, muita coisa divertida aconteceu, além desse episódio do manjar dos deuses.

O alojamento tinha janelas enormes, com vidros pintados de branco e algumas cortinas, porém a claridade da iluminação da rua o deixava com uma claridade suficiente para vermos uns aos outros e todo o alojamento.

Numa dessas noites, muitos dos colegas já estavam dormindo, embora o calor estivesse insuportável. Nossa grande preocupação era verificar se o professor Guido já havia dormido. Muitos de nós estávamos ali acordados, só esperando a oportunidade para fazermos brincadeiras (sacanagens) com os demais colegas que estavam dormindo.

Numa das tentativas, pegamos, em quatro, a cama em que dormia o professor Guido, com a intenção de colocá-lo em um outro local do dormitório e ficar esperando para ver a sua surpresa ao acordar. Porém não deu certo. Ele acordou e falou: “Pode colocar a minha cama no chão”. Com o susto, em vez de colocá-la no chão, devagar, soltamos de uma vez, dando um forte solavanco. Ainda bem que ele levou na esportiva e até deu risada, mas continuou dormindo.

Foram feitas outras brincadeiras. Em uma delas pegamos vários cobertores e colocamos sobre os colegas que estavam dormindo. O calor normal já estava insuportável. Imaginem alguém dormindo e coberto com vários cobertores. Os coitados suavam em bicas e nós morríamos de dar risada e eles nem acordavam.

A “sacanagem” mais forte foi a que fizemos com o Albertinho de Almeida Bernardino. Em quatro colegas, pegamos a cama em que dormia o Albertinho e, bem vagarosamente, com todo o cuidado para não acordá-lo, atravessamos todo o enorme salão e a colocamos cuidadosamente em cima da grande mesa já mencionada. A maioria dos colegas tomou lugar em suas camas.

O menor de nossos colegas, o Gilberto Menezes Lima, que cabia com folga embaixo da enorme mesa, foi o escolhido para acordar o Albertinho. A manobra consistia em pegar um travesseiro e bater com o mesmo na cara do coitado do Albertinho.

Dito e feito. O Gilberto pegou o travesseiro e bateu com um pouco de força na cara do Albertinho e se escondeu embaixo da grande mesa. O colega acordou imediatamente e todo assustado. O que não havíamos previsto e nem imaginávamos que poderia acontecer infelizmente aconteceu. Como ele tinha certeza de que sua cama estava apoiada normalmente no chão e jamais poderia imaginar que ela estivesse sobre uma enorme mesa a quase um metro do chão, virou-se na cama como se fosse levantar, e ao tentar apoiar seus pés no chão, caiu lá de cima.

Com o barulho, todos os malandros que programaram a “sacanagem” levantaram-se e correram para socorrer o coitado do Albertinho que estava estatelado no chão, sem nada entender.

Levantamos o colega e, imediatamente, verificamos se não havia quebrado braços ou pernas ou se havia batido a boca e se tinha algum machucado aparente.

Graças a Deus nada havia acontecido com ele. Demos um copo de água para ele beber, conversamos bastante com ele, ajudamos a recolocar sua cama no lugar certo e, depois de algum tempo, rimos muito, inclusive ele. Em seguida, fomos todos dormir, sem ânimo para outras brincadeiras, pois esta última teve um desfecho imprevisto e indesejado e poderia ter tido conseqüências mais sérias. Ainda bem que o professor Guido dormia como um anjo e nada ouviu ou viu. Só no dia seguinte é que contamos para ele que, depois de uma pequena bronca, também deu boas risadas.

Histórias como esta precisam ser registradas para evitar que, no decorrer do tempo, caiam no esquecimento. São histórias que fizeram parte de uma época maravilhosa de nossas vidas e que poderão, algum dia, entreter outras pessoas que passaram por situações semelhantes, ou nunca poderiam imaginar que fatos assim pudessem ter acontecido, dada as mudanças introduzidas pelo progresso e a tecnologia atual, em comparação com os simples costumes, hábitos, formas de divertimento e de comemorar fatos importantes, como uma simples formatura de um curso ginasial.

Como registro, esperando que a memória não nos traia muito, estiveram nessa excursão a Belo Horizonte além de alguns acima já mencionados, os maravilhosos colegas abaixo relacionados:

Alberto de Almeida Bernardino

Alexandre Brisola dos Santos

Antonio Marmo de Oliveira Nascimento

Augusto Mitsunori Sakane

Ayrton César Marcondes

Carlos Alberto Ferreira

Carlos Roberto Ávila

Dalton Godliauskas Zen

Édison dos Santos

Edmundo Ferreira da Rocha

Eduardo Schmidt Nishikawa

Francisco Richieri

Gilberto de Menezes Lima

Lucio Flávio Andreoli

Mário Alves Gomes

Paulino da Fonseca Simões

Paulo Caetano da Silva

Paulo Roberto de Almeida Murayama (O Shizutinho)

Cecília Maria Ruiz

Eliana Guedes Reis

Eliana Maria Gonçalves

Helena Kawakami

Maria Gillei da Silva Moreira

Maria da Glória Costa

Maria Isa Dias

Maria Naira Pereira

Mary Aparecida Salgado

Ruth Alves Ribeiro

Sandra Aguiar

Vera Lucia Barbosa

Wilma Barseline

Terezinha Seabra (não era do grupo. Era namorada do Shizutinho)

Edmundo Ferreira da Rocha

18/01/2007

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=24

 

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