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Fotografias que contam a história de Campos do Jordão.

 

 Seabra - Joaquim Pinto Seabra


O inesquecível Sr. Joaquim Pinto Seabra em foto da década de 1960.

O inesquecível Sr. Joaquim Pinto Seabra em foto da década de 1960.

 

O Empório São Paulo – a cortesia e a fina educação do seu Seabra.

O saudoso Sr. Joaquim Pinto Seabra, mais conhecido por todos como seu Seabra, um saudoso lusitano nascido em Pena Fiel, no Concelho de Castelo de Paiva, distrito de Aveiro, em Portugal, no dia 19 de julho de 1907.

Veio para Campos do Jordão em 1939, também à procura do nosso clima privilegiado, de qualidade singular e especial, para tratamento da saúde, em busca da cura para a tuberculose. Ficou hospedado na“Pensão Primavera”.

A “Pensão Primavera”, era uma das tradicionais, talvez a mais disputada pelos egressos dos sanatórios existentes em Campos do Jordão, especializados no tratamento da tuberculose. Sediada na Rua Altino Arantes, em Vila Abernéssia, nas proximidades do antigo e saudoso CEENE – Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão, no sobrado pertencente ao construtor Floriano Rodrigues Pinheiro, conterrâneo do seu Seabra, segundo informações, primos em segundo grau. A Pensão foi estabelecida nesse local entre a década 40 e a de 70, onde, posteriormente, até pouco tempo atrás, esteve sediada a 3ª Companhia da Polícia Militar do Estado de São Paulo – 5º BPMI.

Todos que moraram na Pensão Primavera, como seus hóspedes, durante todo o tempo em que esteve em plena atividade, eram pessoas vindas de diversas cidades brasileiras, sendo que algumas delas foram curadas da doença que as trouxe para a cidade. Outros, em busca da paz e tranquilidade, de hospedagem regular e controlada, de boa e sustanciosa alimentação, possibilitando o êxito esperado para conclusão de final de tratamento.

Sua proprietária e comandante responsável pelo seu sucesso, durante essas décadas, foi a saudosa D. Irene de Orellana Cervos, que sempre primou em servir uma ótima comidinha caseira, especialmente preparada para ajudar na convalescença de seus hóspedes e frequentadores. Essa comida era tão famosa que muitas outras pessoas, além das que lá moravam, acabavam indo fazer suas refeições na referida pensão.

Muitas pessoas e famílias da cidade, devido ao sucesso da comida da Pensão Primavera, preparada com muito esmero e dedicação, sob o comando da D. Irene, faziam questão de contratar e buscar, diariamente, suas marmitas com suas refeições. Para outras, que não tinham a oportunidade de buscar suas marmitas, a Pensão mantinha um serviço de entrega de marmitas.

Contando com a costumeira hospitalidade, carinho e auxílio da Pensão Primavera, rigoroso repouso, alimentação e cuidados regulares, o seu Seabra, em apenas seis meses, estava totalmente curado. Após o restabelecimento de sua saúde, como muitos outros, poderia ter retornado ao local de onde viera; porém, resolveu continuar residindo aqui, na terra que já havia conquistado seu coração. Trouxe para cá toda a família, integrou-se em nossa sociedade, participou ativamente na formação e no desenvolvimento ordenado da cidade. Com muito orgulho e necessário reconhecimento, reconhecemos que ele fez parte de nossa cultura e de nossa história; por isso, merece ser relembrado com muita saudade, admiração e respeito.

Seu Seabra foi casado com Dona Maria Seabra e com ela constituiu uma família maravilhosa. Primeiro, antes de fixar residência em Campos do Jordão, nasceram a Maria da Glória, a Lita para os mais íntimos, e a Maria Helena, para os íntimos a Leninha. Na sequência, após radicar-se definitivamente em Campos do Jordão, veio, de uma só vez, o casal de gêmeos, Fernando Antonio e Maria Tereza, a Terezinha ou Linda, para todos nós.

Já residindo em Campos do Jordão, a partir de 1941, antes de vir a se estabelecer com o “Empório São Paulo”, em Vila Capivari, de onde tenho as melhores lembranças sobre essa pessoa maravilhosa, de conduta exemplar, reputação ilibada e educação esmerada, seu Seabra se estabeleceu com a famosa Livraria e Papelaria Seabra, em Vila Abernéssia, na atual Avenida Frei Orestes Girardi – anteriormente Avenida de Ligação e Avenida Dr. Januário Miráglia –quase em frente à nossa antiga estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão. Durante muitos anos a dita livraria prestou relevantes serviços à nossa cidade, especialmente por meio da distribuição de jornais e revistas, com as principais notícias do país, entre eles, O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo, Folha da Manhã e Correio Paulistano, vindos da Capital paulista, através da via férrea, pela Estrada de Ferro Central do Brasil, até Pindamonhangaba, e de lá para cá através da nossa ferrovia, chegando no Bonde das duas horas da tarde.

Nessa época, a Livraria Seabra compunha o principal comércio de Vila Abernéssia, juntamente com o Restaurante e Confeitaria “L´IT” – depois Elite, dos irmãos Cintra; Relojoaria Guarinon, de Fernando Guarinon Zen; Casa Líder, de Orlando Lauretti, representante dos famosos e tradicionais produtos “Renner” – até hoje existentes; Farmácia Santa Izabel, de Américo Richieri; Foto Abernéssia, de Manoel Luiz Ferreira; Casa Oriental, de Jamil Pedro Zaiter, Transportes SER – Serviços de Entregas Rápidas, de Aureliano Vasquez; Casa Pedro Paulo, de Pedro Paulo; Casa Cury, de Husny Cury; Casa Sul América de Aziz Elias, entre outros.

Ficou estabelecido com a Livraria e Papelaria Seabra até 1950. Nesse ano, associou-se ao saudoso João Alves Teixeira, o conhecido Joãozinho das moças, e passou a ser o sócio-gerente do Empório São Paulo, estabelecido na Vila Capivari, na Rua Engenheiro Diogo de Carvalho, bem ao lado da Praça de Vila Capivari, hoje denominada Praça de São Benedito.

Nesse mesmo local, inicialmente estiveram estabelecidos o Empório Damas, de propriedade do Sr. Luiz Damas, e, posteriormente, antes de vir a ser estabelecida em Vila Abernéssia, por quase quatro décadas, a Casa Pedro Paulo, do saudoso seu Pedro Paulo, pai dos grandes amigos: Fausi Paulo, engenheiro, vereador, presidente da Câmara Municipal e prefeito de Campos do Jordão por dois mandatos; Pedrinho Paulo, advogado, vereador, presidente da Câmara Municipal, escritor, poeta e historiador, e Sergio Cury Paulo, cirurgião-dentista.

No local, também por diversos anos, durante a década de 1960 e início da de 1970, esteve estabelecida a filial da famosa loja de decorações de São Paulo “Henry Matarasso”. Posteriormente, continuando até os dias atuais, essa loja, repassada e transferida para sua maior e experiente decoradora de Campos do Jordão, mantém o mesmo ramo de atividade, com o novo nome “Malu Decorações”, sob o comando da nova proprietária, Maria Lucia Felix Donato, a conhecida Malu, esposa do meu saudoso e querido amigo, jornalista, fotógrafo de grande experiência, um dos melhores de Campos do Jordão, projetista e desenhista, meu grande instrutor, orientador e incentivador, Orestes Mário Donato.

O Empório São Paulo, com a sociedade João Alves Teixeira e Joaquim Ponto Seabra, permaneceu até 1957, quando João Teixeira deixou a sociedade para exercer funções de Agente Fiscal de Rendas, da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, tendo ocupado, por último, o cargo de Chefe do Posto Fiscal Estadual de Campos do Jordão. Na sociedade, no lugar do Sr. João Teixeira, ingressou o Sr. Alberto Bernardino, posteriormente, idealizador e proprietário da atual rede de hotéis liderada pelo Hotel Estoril.

Em 1958, o seu Seabra, merecidamente, como prêmio de trabalho árduo, sério, constante e dedicado, conseguiu adquirir a parte do Sr. Alberto Bernardino, ficando como único proprietário do Empório São Paulo.

Acredito que bem identificado o local onde esteve estabelecido o Empório São Paulo, vamos voltar, sem mais histórias paralelas, a enfocar este estabelecimento como o tema de nossa história.

O Empório São Paulo, como propriedade do seu Seabra, foi um dos principais armazéns de secos e molhados, como se costumava dizer antigamente, responsável pelo abastecimento de gêneros alimentícios, bebidas e demais produtos necessários ao lar e ao comércio, que atendia, além dos jordanenses residentes em Vila Capivari e bairros próximos, especialmente os turistas, proprietários de residências, situadas no mesmo bairro e proximidades, utilizadas em finais de semana prolongados e férias escolares. Durante essa época áurea, esses turistas, frequentadores assíduos de Campos do Jordão, muitos tendo participado ativamente do processo organizacional da cidade, foram os principais responsáveis pelo engrandecimento, progresso e divulgação deste rincão paulista, “a 1.700 metros acima das preocupações”, no cenário nacional e mundial. Esses proprietários de lindas e aconchegantes casas e mansões eram empresários ligados ao comércio em geral, industriais, banqueiros, políticos e famosos profissionais liberais de diversas categorias.

No Empório São Paulo, à época do seu Seabra, de conformidade com minha lembrança, trabalhavam: o seu José de Almeida, também português, posteriormente, proprietário durante longos anos, juntamente com sua tia, dona Laura Benvinda dos Reis, do tradicional e histórico “Bar São Luiz”, localizado no centrinho da Vila Capivari e que funcionou até a década de 1980; o Zé Café, seu irmão, o Nego, e o Zé Soares, mais conhecido como “Caruso”, devido ao fato de ter trabalhado durante longos anos na mercearia de mesmo nome, localizada no centro da Vila Capivari, ao lado do atual Restaurante Nevada, na época, de início, de propriedade do Sr. Julio Turra e de meu grande e saudoso amigo Delmiro Cerviño Fráguas, posteriormente passando para a propriedade do amigo italiano Michelli Foschi. Por coincidência, o Zé “Caruso” voltou a trabalhar nessa mercearia, considerando que, a partir de 1961, ela passou a ser propriedade do seu Seabra, quando encerrou as atividades do Empório São Paulo, possibilitando a instalação da Loja de Decorações do “Henry Matarazzo”, conforme comentado acima, também.

Seu Seabra, sempre, durante toda a sua vida, inclusive até hoje lembrado com muito merecimento, era pessoa maravilhosa, de educação esmerada, gentil, atencioso, de honestidade ímpar, incontestável, adorado por todos os jordanenses e turistas que, além de seus clientes, durante muitos anos, passaram a tê-lo como grande amigo e até conselheiro para casos difíceis, complicados, para os quais as soluções careciam de muita cautela, experiência e conhecimento das melhores maneiras para uma resolução.

Seu Seabra tratava a todos, indistintamente, com o mesmo cuidado, atenção, educação e cortesia, razão pela qual sempre foi distinguido dentre os comerciantes e cidadãos de Campos do Jordão.

Lembro-me com muita saudade do tempo em que passei a morar na Avenida Emílio Ribas, durante os anos de 1952 a 1955, na casa que pertencia ao saudoso amigo Adauto Camargo Neves, situada ao lado do atual “Hotel JB” e “Posto Esso” de Capivari. Nessa época, eu fazia o curso primário em Vila Abernéssia. Para minha locomoção entre minha casa e o local desses cursos, utilizava os ônibus da Empresa Hotel dos Lagos ou o bonde de carreira, que fazia o percurso entre a Estação Emílio Ribas, em Vila Capivari, e Pindamonhangaba. Muitas vezes, especialmente durante os horários em que retornava desses cursos, por volta de meio-dia e trinta minutos, aconteceram atrasos do ônibus ou do bonde. Nessa época, educados rigorosamente por nossos pais, éramos orientados a não pedir carona em hipótese alguma. Minha salvação sempre foi a cortesia e a bondade do seu Seabra, que fazia questão de parar o seu veículo, uma pequena perua ou “pick-up” da Marca Fordson, ano 1952, e oferecer carona. Como conhecia o seu Seabra, sua idoneidade e a amizade que mantinha com meu pai, jamais iria recusar seus oferecimentos, sendo sempre grato pela sua gentileza. Não sei até hoje o motivo de ele passar nesses horários, porém não esqueço que, em todas as oportunidades, ele fazia questão de conversar comigo como se estivesse conversando com um filho, e sempre me deixava à porta da minha casa. Felizmente, depois que me tornei adulto, sempre continuando como seu eterno admirador, tive a felicidade de me tornar um de seus inúmeros e incontáveis amigos.

Paralelamente aos seus serviços no Empório São Paulo, seu Seabra, entre muitas outras atividades desempenhadas em Campos do Jordão, sempre de forma esmerada, foi exemplar tesoureiro do Campos do Jordão Tênis Clube, fundador e grande incentivador da Associação Comercial, presidente do Rotary Club local, incansável batalhador como provedor do Sanatorinhos – Ação Comunitária de Saúde que, na época, englobava três sanatórios especializados no tratamento da tuberculose, o S-1, para crianças, o S-2 para mulheres e o S-3 para homens.

Felizmente, a Câmara Municipal de Campos do Jordão, no dia 19 de junho de 1989, outorgou ao Sr. Joaquim Pinto Seabra, o título de Cidadão Jordanense, homenagem justa, merecida e necessária a quem dignificou com sua cortesia admirada, trabalho incansável, dedicado e honesto, prestado com muito amor e carinho, engrandecendo a história e a cultura de nossa cidade.

Depois de estabelecido com o Empório São Paulo e a Mercearia que deixou de ser “Caruso” para ser “São Paulo”, até o ano de 1971, o seu Seabra mudou radicalmente suas atividades, deixando de trabalhar com gêneros alimentícios, bebidas etc. Em 1972 idealizou e montou a Administradora J. P. Seabra, passando a trabalhar com a venda de imóveis em geral e, principalmente, com a administração de imóveis em geral, casas e condomínios residenciais, de propriedade de muitos turistas que já haviam se tornado seus grandes amigos de muitas décadas, durante todos anos anteriores, quando os atendia nos estabelecimentos comerciais mencionados. A J. P. Seabra teve imediato e grande sucesso; durante muitos anos prestou relevantes serviços na área de administração de imóveis, para sossego e tranquilidade de todos que utilizavam seus serviços, até que o Grande Criador, no dia 23 de julho de 1989, resolveu chamar o seu Seabra, logo após completar 80 anos de idade, para administrar novas propriedades e outros condomínios, em outras paragens desse nosso imenso Universo, sem dúvida, contando com sua tradicional e costumeira cortesia, idoneidade, educação e gentileza.

Campos do Jordão, 03 de novembro de 2009. Edmundo Ferreira da Rocha

 

 

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Fotografias

 


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Edmundo Ferreira da Rocha

 

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