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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Inverno na "Montanha Magnífica". 


Inverno na "Montanha Magnífica".

Uma manhã de inverno com o gramado, trilhos e dormentes da Estrada de Ferro Campos do Jordão cobertos pela geada.

 

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O alvorecer no inverno é uma festa de perfumes e surpresas na Serra da Mantiqueira.

As manhãs são claras, diáfanas, transparentes e as cores caleidoscópicas brilham e rebrilham aos reflexos ígneos do Sol.

Elas têm hálitos virginais - nascem vestidas de noiva, brancas e puras vestais da geada.

As tardes jordanenses no inverno são translúcidas e tocantes; o azul da abóboda celestial tem uma pureza cromática impressionante; o verde é pleno de mistério e feitiço, e o pôr do sol, sanguinolento, anuncia os estertores do dia.

As árvores de galhos nus, ao longo das avenidas, parecem que não têm alma.

Longe, bem longe, no recorte olímpico da Serra, põe-se o sol horizontino, ora doirado, ora escarlate, em seus tons e sobretons, e logo, cai a noite, gelada e pontilhada de estrelas, salpicando brilhantes, aqui e acolá, para o diadema de Deus.

Reina no espaço negro, intangível e dominadora, a Lua dourada, qual rainha apocalíptica das alcovas amorosas; lá fora, a temperatura cai abaixo de zero, mas, no coração das gentes o amor crepita em labaredas candentes e enternecedoras.

No inverno de Campos do Jordão as noites se despem de luz e se vestem de amor.

Por tudo isso, Campos do Jordão é sempre estação.

E por mais do que isso, o teólogo Leonardo Boff cismou na soledade do Convento dos padres franciscanos, em Vila Britânia, cercado pela majestade das araucárias jordanenses: "A montanha é um sacramento de Deus: revela, recorda, aponta, reenvia (..) Ela é como Deus - tudo suporta; tudo sofre, tudo acolhe." Bem se poderia também parafrasear Guimarães Rosa, aludindo às Alterosas, debruçada na Mantiqueira, nas encostas da "Montanha Magnífica” - Campos do Jordão é uma montanha, "montanhas, o espaço erguido, a constante emergência, a verticalidade esconsa, o esforço estático, a suspensa região que se escala" ou evocar Jorge Luiz, para quem, se pudesse viver, novamente, a sua vida, cometeria mais erros:"Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria em mais rios"

Decerto que Campos do Jordão é a sagração ecológica - a Eucaristia de Natureza.

Neste livro, o autor entreviu nas claras manhãs hibernais da Mantiqueira, em meio às brumas cinzentas da neblina vespertina ou sob o luar devasso das madrugadas jordanenses, vultos espectrais e fantasmagóricos, que, decorridas já tantas décadas, ainda percorrem, solitários, as veredas tortuosas da Montanha, embrenhando-se nas suas matas, verdes e silenciosas, a cismar sobre a tragédia existencial do mundo - a incrível imponderabilidade da morte e o mistério indecifrável da vida.

Possa também o leitor, rompendo os limites estreitos da falibilidade humana, enxergá-los, um a um, na memória sentimental da "Montanha Magnífica", com os olhos criativos da espiritualidade humana.

Que assim seja.

Pedro Paulo Filho

29/06/2009

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=192

 

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