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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Peral próximo ao CEENE e a deliciosa batida de coco. 


Peral próximo ao CEENE e a deliciosa batida de coco.

Na impossibilidade de encontrar foto do famoso peral próximo ao CEENE, esta vale somente como lembrança dos saudosos perais de outrora.

 

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O nosso maravilhoso e inigualável CEENE – Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão, de tantas histórias, casos interessantes, recordações e saudades, tinha sua sede no prédio onde hoje está sediado o Colégio Tancredo de Almeida Neves, na Rua Altino Arantes, altos da Vila Suíça, em Vila Abernéssia, Campos do Jordão.

Nas proximidades desse Colégio existiam poucas casas e muitos terrenos baldios. Ao lado da casa onde morou, durante muito tempo, o Sr. Enio Pinotti, conhecidíssimo comerciante desta cidade, por mais de trinta anos, no ramo de relojoaria, jóias etc., havia um grande peral (pomar de pêras, pereiral), com muitas pereiras de vários tipos e espécies maravilhosas que produziam frutos deliciosos e muito apreciados por todos.

Essas frutíferas foram muito cultivadas em Campos do Jordão durante as décadas de trinta até setenta e que, hoje, muitas já foram extintas e as que conseguiram sobreviver são muito pouco cultivadas pela pequena população de agricultores locais, restando alguns poucos exemplares em propriedades de particulares saudosistas.

Esse peral não tinha cerca de isolamento, era completamente aberto. Em baixo dessas pereiras cresciam, sem cuidado algum e de forma nativa, as amoreiras que produziam as deliciosas amoras roxas que eram muito procuradas pela criançada e jovens daqueles anos inigualáveis, que não voltam mais.

Lembro-me de um episódio que serviu para marcar, ainda mais, a memória desse saudoso peral, além de sua florada espetacular e das pêras que lá colhíamos.

Durante o inverno que, naquela época, era muito rigoroso, no final da década de cinqüenta e início da de sessenta, quando cursávamos o curso ginasial, um grupo seleto e formado por alunos do Colégio, composto por mim, pelo Dudu Nejar, Silvio Sales (Silvio Preto), Paulo Teodoro (Paulo Coxinha), Zé Hajime Nodomi (o Buda), Clóvis (Regaçado), Coaracy Ribeiro, Odair (Meio Quilo), João Marcondes (Bodoque ou Pincel), Mário Sant´Anna, José Klukevicz, Zé Nunes, Lourival Tocantins Duarte, Lotário Santiago, Homero Zen, Zé Neves (Docinho) e muitos outros, para tentar driblar um pouco o frio das tardes geladas daqueles tempos, resolveu formar alguns grupos menores com a finalidade de, cada um, comprar um litro de batida de sua preferência e esconder embaixo das amoreiras que existiam junto ao famoso peral, pois, na época do inverno, as pereiras ficam totalmente sem suas folhas que caem durante essa estação.

Esses litros de batida, cada um pertencente a um determinado grupo, eram escondidos em moitas diversas e de preferência sem que outros grupos soubessem onde estavam.

Nos finais das aulas que, terminavam por volta das 18 horas, cada grupo ia ao peral e resgatava o seu litro de batida. Cada um do grupo tomava um bom gole dessa bebida doce e com bom teor alcoólico, com a finalidade de aquecer um pouco e quebrar o efeito do frio rigoroso.

Em determinada ocasião, nosso grupo que, via de regra, preferia e comprava a tradicional batida de coco, ao resgatar o nosso querido litrinho de batida, comprado às duras penas, por intermédio de uma “vaquinha” (quotização com os suados centavos de cada um), percebeu que alguma coisa não estava certa.

A batida de coco é quase sempre branca, da cor do leite; porém, naquela oportunidade, apresentava uma cor um tanto quanto amarelada.

Alguma outra coisa havia sido adicionada à nossa rica batidinha.

Pelo cheiro estava difícil distinguir, pois o cheiro da batida de coco é muito forte e, mesmo assim, predominava. Não tinha outro jeito senão experimentá-la.

Restava a fiel dúvida, quem ?

Não teve outro remédio. Foi disputado no par ou ímpar.

Não lembro quem teve o “privilégio” de partir para o sacrifício. A única coisa que lembro é que tão logo o companheiro a colocou na boca, começou a cuspir que não parava mais.

Depois de algum tempo cuspindo, todos os demais colegas estavam curiosos para saber o que tinha acontecido. Que líquido tão horrível havia sido adicionado à nossa batidinha, ao nosso espanta frio. Meio cuspindo, o colega conseguiu falar. É xixi, urina!... e continuou cuspindo.

De imediato, foi um riso geral. Em seguida, começamos a ficar irritados.

Infelizmente, algum colega invejoso, talvez de algum outro grupo ou algum que não pertencia a nenhum dos grupos, só para poder rir da nossa cara, fez essa malandragem reprovável e repugnante. Uma coisa é certa. Naquele dia não precisou da batida de coco para espantar o frio. Todos do grupo ficaram suando de raiva.

Ainda bem que não conseguimos saber quem fez essa sacanagem. Se tivéssemos descoberto, coitado do bandido colega, não sei o que teria acontecido com ele.

Hoje é motivo de riso, porém, naquele dia, foi uma grande afronta.

Edmundo Ferreira da Rocha

25/05/1984

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

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