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Fotografias que contam a história de Campos do Jordão.

 

 7 Noites e 7 dias de romance e de poesia


 

Nos idos de 1961, entre 17 a 27 de novembro, durante a administração do prefeito José Antonio Padovan (01/01/1959 a 31/12/1962), o Departamento Municipal de Turismo, de Campos do Jordão - DMTUR, tendo à frente o dinâmico Joaquim Correa Cintra e Plínio Freire de Sá Campello, realizou-se com grande êxito, uma promoção lítero-cultural, que Campello, seu promotor e então vice-diretor de turismo designou de “7 Dias e 7 Noites de Romance e de Poesia”.

Plínio Campello criou uma infra-estrutura de poesia e beleza para receber as altas expressões da literatura nacional.

Auxiliaram-no, Joaquim Correa Cintra, diretor de turismo e a romancista Maria de Lourdes Lebert, depois, tragicamente falecida.

A promoção não foi só notável evento social e turístico, como também alcançou as finalidades culturais perseguidas pela Municipalidade, dado o nível estadual do conclave.

A solenidade de instalação do conclave, que reuniu escritores, poetas, livreiros e intelectuais, deu-se nos salões do Campos do Jordão Tênis Clube.

Depois das palavras inaugurais do prefeito José Antonio Padovan, Joaquim Correa Cintra saudou os intelectuais visitantes, prestando especial homenagem ao romancista Paulo Dantas, que residiu na cidade, tendo publicado o livro “Cidade Enferma”. Na oportunidade, Joaquim Corrêa Cintra anunciou a criação oficial pela Prefeitura da “Ordem da Araucária”, sendo a primeira comenda, desde logo, outorgada à Maria de Lourdes Lebert. Essa condecoração passaria a ser oferecida, anualmente, aos escritores e artistas que tivessem prestado relevante serviço a Campos do Jordão.

À época, a coluna especializada do “Diário de São Paulo”, anotava... “e a Semana de Poesia e Romances em Campos do Jordão passaria a ser um acontecimento nacional, de proporções amplas, talvez até de repercussão internacional, se figurasse num calendário turístico permanente”.

O romancista José Geraldo Vieira exaltou a importância de Campos do Jordão como estância de repouso e suas possibilidades como centro de encontros periódicos de intelectuais brasileiros.

Os jornais paulistas anunciavam durante o evento: “Durante sete noites e sete dias arderão as piras no cume dos morros jordanenses". A coluna especializada do “Diário de São Paulo”, anotava... “e a Semana de Poesia e Romances em Campos do Jordão passaria a ser um acontecimento nacional, de proporções amplas, talvez até de repercussão internacional, se figurasse num calendário turístico permanente”.

Era uma homenagem simbólica à inteligência brasileira, arquitetada por Plínio Campello, que inundou a região de cartazes coloridos com flores nativas jordanenses, anunciando festivamente o acontecimento cultural, que encontrou ampla repercussão na imprensa paulista.

Piras votivas ardiam nos cumes dos principais morros da cidade, em homenagem simbólica à inteligência brasileira. Excursões, recitais de piano, passeios e coquetéis, serenatas no Morro do Elefante, e bem assim tardes de autógrafos marcaram uma programação de hospitalidade do Poder Público Municipal.

Foram homenageados Paulo Dantas, que residiu nas montanhas, onde escreveu “Cidade Enferma”, bem como Dinah Silveira de Queiroz, autora de “Floradas na Serra”, o poeta Rodrigues de Abreu, que se inspirou nas belezas jordanenses em muitos de seus poemas contidos em “Casa Destelhada”.

Do Rio de Janeiro, vieram Walter Campos de Carvalho, a cronista Eneida e Harry Laos, e, de São Paulo, José Geraldo Vieira, Maria de Lourdes Teixeira, Jamil Almansur Haddad, Maria José Pupo Nogueira, Eda Fiori, Barbosa Lessa, Helena Silveira, Dinah Silveira de Queiroz, Antonio Rangel Bandeira, Rubens Teixeira Scavone, Domingos Carvalho da Silva, Alceu Maynard de Araujo, Lenilda Miranda Figueiredo, Paulo Dantas, Herculano Pires, Aparecida Saad, Carmem Dolores Barbosa.

Marcaram presença os livreiros e editores Horácio Romelino e Rubens de Barros Lima.

Inúmeras outras promoções foram levadas a efeito pela Diretoria de Turismo, com a exposição dos trabalhos de Darcy Penteado, visita à Casa do Poeta, em Descansópolis, de Jacques Perroy o “Prefeito do Sertão”, que doou um terreno para a construção de uma escola; concertos do Maestro João Portaro, composições sobre histórias de Monteiro Lobato e projeções de filmes sobre a Estância, organizados por Alceu Maynard de Araújo.

A noite, no Morro do Elefante, funcionava a “Barraca da Amizade”, com violões em serenata e serviço de quentão e sanduíches, que reunia e congregava os intelectuais e os jordanenses.

No Grande Hotel, realizaram-se as apresentações do maestro João Portaro com a execução de composições musicais sobre as estórias de Monteiro Lobato.

Na Câmara Municipal, o historiador Tito Lívio Ferreira discorreu sobre o tema “História de Campos do Jordão” e em Descansópolis, na Casa do Poeta, Jacques Perroy ofereceu um coquetel aos escritores e intelectuais visitantes.

O casal Lebert abriu a sua mansão “Nilu's House”, transformando-a em centro de encontro dos intelectuais visitantes e de hospedagem de alguns convidados.

Helena Silveira em sua crônica “Paisagem e Memória”, da Folha de S. Paulo, escreveu: “Eis que vou a Campos do Jordão com os colegas escritores para as “7 Noites e 7 Dias de Romance e Poesia” e revejo aquela serra que me havia abrigado em mocinha e noiva, em uma casa de tijolinhos ao topo de uma colina.

A atmosfera é de festa, mas isolada.

As vezes, vou conferindo a paisagem com as recordações. Vila Capivari, a antiga Emílio Ribas e Abernéssia e seus arredores, as dobras das montanhas, o porte solene das araucárias e as flores nos jardins e nos prados e o ar puro e gostoso a entrar-nos azul - que de um céu absurdamente azul ele sal - para os pulmões ...

Mas, os sonhos, estes, no que foram dar?

A mocinha da casa da colina, algum dia, pensou em alinhavar grifos, diariamente, para um jornal?

E cuidou dos livros que faria, das viagens, da família do invisível leitor, que seria uma continuidade da sua própria? A mulher lúcida, em meio à paisagem, dava balanço nos sonhos de ontem e na realidade de hoje e, embora melancólica, não ficou de mal com sua vida. Era diversa, mui diversa dos castelos do ar da mocinha da colina de Capivari, mas estava ela aí a vivê-la com coragem e ternura, dois condimentos sem os quais a aventura de existir é mofina coisa ...

Todavia, cessado o meu particular balanço que as circunstâncias impuseram, toca a olhar para a paisagem verídica, os acontecimentos e as criaturas.

Estava ali um jovem prefeito, cercado por gente toda moça, cheia de amor pela terra pequena e propagando seus encantos num ato generoso.

Foram os escritores hospedados fidalgamente, envolvidos pelo programa intenso das festas, mimados as 24 horas de cada dia.

Particularmente, devo ressaltar o papel que nestes “Sete Dias. . . ' desempenhou minha amiga, a escritora Marilu Lebert, incansável, servindo de elemento de ligação entre o Departamento de Turismo de Campos e os escritores.

Outro vulto jovem de cabelos brancos, afanado o tempo todo no sentido da nossa comodidade e diversão, foi o sr. Plínio Campello.

E o sr. Perroy, o gentil-homem francês, que nos largos campos a que chamou Descansópolis, fincou morada e derramou descendência com os filhos e netos que estão vindo?

Este ofereceu, por meu intermédio, um terreno à União Brasileira de Escritores para edificação de uma casa de férias.

Fica à beira de um lago, onde vogam ninféias e em torno existem árvores, tranqüilamente verdes, e flores despencadas, em ribanceiras, onde os agapantos copiam a cor dos olhos das mulheres loiras.

Ao centro dessa gleba está a Capela de N. S. da Saudade e também está um quiosque cor-de-rosa, todo redondo, com uma lareira ao centro e que ele chama de a 'Casa do Poeta'.

Ali fomos recebidos pelo brasileiro-francês carinhosamente ... Enfim, minha irmã Dinah e eu (ela, sobretudo, que com 'Floradas na Serra', ficou mais próxima daquela terra) voltamos rendidas de carinho por aquela gente toda, de agora em diante somada dentro de meu vasto mundo afetivo. . .”

Enquanto as piras ardiam no alto dos morros jordanenses em Vila Capivari, em homenagem à Inteligência brasileira, o autor da idéia, Plínio Freire de Sá Campello, numa das noites, entrou no Bar São Luiz, no centro de Vila, para tomar café. Ao seu lado, encostados no balcão, havia dois caboclos. Um deles cumprimentou Campello: - Boa noite. Cutucou com o cotovelo o companheiro ao lado e disse:

- Ô "seu" besta! Cumprimenta ele também. É o maior macumbeiro da terra! ...

O evento foi um sucesso marcante na história cultural e turística de Campos do Jordão, onde pontificou a garra e o brilho do “prefeito da noite”, Plínio Freire de Sá Campello, a quem se deve a autoria da mais notável legenda jordanense: “Campos do Jordão - a 1.700 metros acima das preocupações”.

Nota: Com algumas pequenas alterações e adaptações feitas por este site, na Estória extraídas de "Folha de S. Paulo", de 29-11-61 e do "Diário de São Paulo", de 21-11-61, publicada no Livro: Estórias e Lendas do Povo de Campos do Jordão”, páginas 110 a 113, de 1989 - “O Recado, Editora Ltda. - São Paulo-SP. e na história do livro “História de Campos do Jordão”, Páginas 679 e 680, de 1986 - Editora Santuário, ambos da autoria do escritor e historiador Pedro Paulo Filho.

Veja mais sobre Campello e Sete Noites e Sete Dias de Romance e Poesia

 

 

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Fotos 7 noites...

 


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Obrigado,

 

Edmundo Ferreira da Rocha

 

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